[DROP 002] As Claras Conexões de Dark Connection
Surpreendentemente, o ano do blog não começa falando de escrita.
A dica de hoje (bastante aleatória) é inteiramente musical.
Por quê? Simples. É uma história curta que começa com uma
recomendação algorítmica do YouTube, aceita meramente por causa da ilustração
de uma ruiva seminua com conectores cibernéticos nas costas, e termina em um
dos melhores álbuns que ouvi nos últimos anos. Sim, sou um dos poucos que ainda
ouvem álbuns completos em vez de apenas catar uma lista de melhores do Spotify
e hoje vou compartilhar um pouco dessa experiência em desuso. Quando se fala de
música, prefiro um review mais pessoal, um relato que una o ouvinte e a banda
em um único texto. Portanto, farei assim.
Sem mais delongas, Dark Connection da Beast in Black!
Do início. Recomendação. Power Metal. Ruiva. Eram três bons
motivos. Resolvi dar uma chance e a faixa de abertura me disse que aquela tinha
sido a minha primeira decisão sensata do ano. Blade Runner é simplesmente
viciante de seus primeiros segundos evocando a clássica trilha de Vangelis e
partindo para o ligeiro riff de teclado até o refrão icônico interpretado de
forma brilhante no vocal, sem meias palavras, impecável, de Yannis
Papadopoulos. É uma bela introdução ao cyberpunk conceitual do album.
Seguindo, as próximas faixas Bella Donna e Highway to Mars
compõe um dos melhores cenários possíveis ao mesmo tempo em que cria uma
identidade sonora baseada nos ritmos das décadas de 80 e 90 e uma mistura
extremamente duvidosa (e escrevo essa palavra porque em cada review ou
comentário de fã que li há divergências, mas acredito que seja um dual de Techno
e Euro próprio do Dance além do uso clássico do teclado no Metal) de outros
gêneros que tem seu ápice em um maneiríssimo conto cyberpunk, contudo, que adiarei
para falar da faixa anterior a esta.
One Night In Tokyo resumi tudo o que eu jamais esperaria ouvir
normalmente em um álbum de Power Metal e tudo o que eu precisava ouvir em meros
três minutos. Porém, como o som puxar mais o Dance que o Metal, não a vejo como
a figura central do álbum.
Assim, chego a Moonlight Rendezvous, o ápice, em minha opinião, de Dark Connection.
Neste ponto, tudo está perfeito: instrumentos, vocal, mistura de
cada um dos estilos musicais condensados na forma pura de hino sci-fi automaticamente
clássico. É a terceira vez que escrevo
algo do tipo por aqui e tem um motivo, por beber tanto do passado, Dark
Connection facilmente alcança o status de um clássico moderno. É apenas a
terceira entrega da banda, lançada na segunda metade do ano passado, e podemos considerar que o compositor e cabeça da
banda, Anton Kabanen, tenha trapaceado no uso apelativo de ritmos nostálgicos,
mas o sucesso do álbum é fato consumado. A crítica e os fãs corroboram.
As faixas seguintes se balançam entre Power Metal e a mistura do
Dance, mais puxada para o primeiro. Em nenhum momento a qualidade cai. Ao
contrário, mantem-se inabalável até a belíssima My Dystopia, última faixa original.
Por fim, a banda nos presentei com dois covers, um deles, no
mínimo, inusitado.
Battle Hymn do Manowar e They Don't Care
About Us do Michael Jackson fecham o álbum bem intrincadas no estilo
da banda, e ainda mantendo o status de excelência das versões originais.
Power Metal é notório por sua repetitividade, bastante clichê por assim dizer no que concerne à cena geral. Há bandas de destaque absoluto, de som único, as sempre citadas em qualquer lista de melhores e há um número quase infinito de banda que bebem da mesma fonte e apostam até hoje no que seus predecessores criam e recriaram. É colateral do estilo. Grupos ainda brilham nesse caminho. Banda que admiro e ouço a exaustão. A temática sci-fi também não é novidade por aqui, do Gamma Ray a hoje em dia nem tão obscura Unleash the Archers já provaram dessa fonte. Assim, a única inovação do Beast in Black foi recuperar o som, entre aspas, há tempos perdido. Entretanto, a mesma apresentou um respiro para o gênero e foi um respiro necessário.
Dark Connection é a minha dica de hoje.
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